Acabámos o domingo rendidos a hábitos que nos afastam de passeios a dois, de pequenas conversas abertas e sentimentais, de corridas por entre as árvores, de fotografias desfocadas mas cheias de emoção à beira mar. Enfim, brincadeiras adultas a que dois corpos se resignam a viver apenas na sua memória. Talvez por isso, a cada segundo nos afastamos do nós. Afinal, se grandes impérios já caíram por imperadores que davam tudo como garantido, porque é que o nosso pequeno castelo também não pode ser derrubado?
Mas .... nem tudo está perdido! À segunda tentativa temos tudo para dar certo se realmente formos capazes de ver profundamente o que está ao nosso lado, seja que tipo de relação for, mas não a termos como garantida. Será essa a magia que Sage (Ambroise Willaume) consegue trazer numa das mais bonitas bandas sonoras francesas dos nossos anos 20, do filme Mon Inconnue (2019) de Hugo Gélin, com aquele casalinho apaixonado protagonizado por François Civil e Joséphine Japy.
Começamos esta viagem com dois temas vocalizados, tal como iniciamos cada uma das nossas relações, porque já temos conhecimento do mundo, mas depois percorremos caminhos que só nós próprios podemos trilhar, descobrir; histórias que só nós podemos escrever, colocar cada palavra, uma a seguir à outra até termos frases claras ou inacabadas. É assim, que continuamos com melodias em piano, num total de 12 faixas que nos vão querer dar aquela segunda oportunidade .... Afinal, só podemos aprender com os nossos erros, não é verdade?
O filme, esse, vale bem a pena .... mas é já um capítulo escrito que não é nosso. Aqui, roubamos a banda sonora e, depois de gravarmos a nossa segunda paixão, temos todo o tempo do mundo para a comparar com histórias em que Paris é tão romântico como aquela pequena rua que conduz à beira-rio numa qualquer cidade do norte de Portugal numa primavera.
(English/Inglês)
We ended Sunday surrendered to habits that take us away from walks together, short open and sentimental conversations, running under the trees, unfocused photographs, but full of emotions by the sea. Finally, adult games to which two bodies are resigned to living only in their memory. Perhaps that is why, every second we move away from the word us. After all, if great empires have already fallen by emperors who took everything for granted, why can't our little castle be overthrown as well?
But not everything is lost! On the second, try we have everything to work out if we are really able to see deeply who is on our side, whatever type of relationship it is, but we do not take it for granted. That will be the magic that Sage (Ambroise Willaume) manages to bring in one of the most beautiful French soundtracks of our 1920s, from the movie Mon Inconnue (2019) by Hugo Gélin, with that passionate couple starring François Civil and Joséphine Japy.
We start this trip with two vocalized tracks, just like we start each of our relationships, because we already have knowledge of the world, but then we go on paths that only we can walk, discover; stories that only we can write, put each word, one after the other until we have clear or unfinished sentences. It is like this, that we continue with melodies on piano, in a total of 12 tracks that will want to give us that second chance .... After all, we can only learn from our mistakes, right?
The film, that one, is well worth watching .... but it is already a written chapter that is not ours. Here, we steal the soundtrack and, after recording our second passion, we have all the time in the world to compare it with stories in which Paris is as romantic as that small street that leads to the riverside in any city in the north of Portugal in Spring.
Lou Ottens (1926-2021), faleceu esta semana. O inventor da cassete é culpado pelo esbanjar de mesadas em fitas cheias de música alegre, triste, com mais ou menos qualidade (se olharmos para essas edições aos olhos de hoje), que serviram para abrilhantar as festas de garagem, as caminhadas com o nosso walkman, as viagens longas até ao Algarve e, mais que isso, levou gerações a perderem horas infindáveis a gravar aquelas MixTapes especialmente concebidas para os nossos amigos. Depois, com todo aquele orgulho visível nos nossos olhos, entregávamos a playlist escrita à mão e, com um grande sorriso, dizíamos: Gravei a pensar em ti!
Anos volvidos, e saudosismos à parte, o Lado A sempre se sobrepôs ao Lado B destas compilações. Todos sabemos que as melhores canções (ou aquelas que gostamos mais) estão logo no início da fita. Talvez por isso, quando construímos uma compilação, a nossa criatividade, bom gosto, esforço e empenho se vão atenuando ao longo da longa fita de 30 minutos ... às vezes queremos apenas preencher aqueles minutos finais só para, imagine-se, não ficarmos com a sensação de que nada fizemos ou dissémos...é para isso que serve o Lado B?
Ainda continuamos a gravar histórias em fitas que se vão partindo, colando e, por vezes, deteorando com o tempo, mas como estamos no melhor dia da semana, não podemos terminar como se estivéssemos com as pilhas Duracell no fim e a nossa festa a terminar...Afinal de contas, podemos sempre fazer rewind e gravar por cima, não é verdade? Uma coisa é certa, não podemos é estar em pause até que aquela música que nos enche o coração passe na rádio para a gravarmos religiosamente ... Levanta-te, escolhe a tua bebida favorita e press play ... hoje vais viajar no tempo a sorrir! Happy Friday!
English/Inglês
Lou Ottens (1926-2021), passed away this week. The inventor of the cassette is to blame for the waste of pocket money on tapes full of happy or sad music, with more or less quality (if we look at these editions in the eyes of today), which were used to brighten up garage parties, walks with our walkman, long trips to the Algarve and, above that, it led us losing endless hours recording those MixTapes specially for our friends. Then, with all that pride visible in our eyes, we handed out a handwritten playlist and, with a big smile, we said: I recorded this tape thinking about you!
Years later, and nostalgia aside, Side A has always overlapped Side B of these compilations. We all know that the best songs (or the ones we like the most) are right at the beginning of the tape. Maybe that's why, when we build a compilation, our creativity, good taste, effort and commitment are attenuated over the long 30-minute tape ... sometimes we just want to fill those final minutes just to, imagine, not to get the feeling that we didn't do or say anything ... is that what Side B is for?
We still continue to record stories on tapes that break, glue back together and sometimes degrade over time, but as we are on the best day of the week, we cannot end as if we were with the Duracell batteries at the end and our party ending ... After all, we can always rewind and record all over again, right? One thing is for sure, we cannot be on pause until that song that fills our hearts is played on the radio for us to record it religiously ... Get up, choose your favorite drink and press play ... today you will travel back in time smiling!
Que as segundas feiras são sempre portadores de dores de cabeça e de desejos de um fim de semana prolongado, já todos sabemos. Agora, ser a uma segunda feira em que temos a notícia de que um dos melhores duos de música electrónica de sempre terminam a sua actividade, na sala após o trabalho, já isso a torna ainda mais insuportável. We aren't Lucky!
Desde os trabalhos de casa (Homework) que a dupla parisiense composta por Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter nos entreteu e pôs a cantar em loop Around the World em várias pistas de dança, ainda nos finais dos anos 90. Conseguiram, não só, dar credibilidade à música electrónica, como influenciar com o seu som french house / electrónica e catapultar para os tops inúmeros singles num conjunto de 4 álbums de estúdio e uma banda sonora. Um legado fascinante!
Digital Love torna-se, assim, numa história menos alegre quando sabemos, por toda a internet, que um dos nossos amores musicais, se vão separar. Afinal, também os robots, não acreditam no amor para sempre ... podemos pedir para voltarem One More Time?
English/ Inglês
Mondays are always bearers of headaches and long weekend wishes, and we all know that. Now, being on a Monday when we have the news that one of the best electronic music duos ever finish their activity, in the living-room after work, that already makes it even more unbearable. We aren't Lucky!
Since Homework, the Parisian duo comprised of Guy-Manuel de Homem-Christo and Thomas Bangalter have been entertaining us and made us start singing Around the World in loop on various dancefloors, even in the late 90s. Not only giving credibility to electronic music, but influencing with its french house / electronic sound and catapulting to the tops countless singles in a set of 4 studio albums and a soundtrack. A fascinating legacy!
Digital Love thus becomes a less joyful story when we know, across the internet, that one of our musical lovers, split up. After all, robots, too, do not believe in love forever ... can we ask for a return One More Time?
I brought you something close to me Left for something you see though your head You haunt my dreams / There's nothing to do but believe Just Believe / Just Breathe
Português / Portuguese Breathe dos franceses Télépopmusik é,provavelmente, a música chillout mais adequada a tardes na piscina, com muito sol e calor, bebidas misturadas e coloridas e uma sensação de férias eternas, aliás o vídeo por Jordan Scott (filha de Ridley Scott) fomenta essa ideia. Estávamos no ano de 2001 quando o álbum Genetic World foi editado e em 2002 quando a voz calma de Angela McCluskey rompeu as rádios com este single que, não será preciso explicar porquê, chegou à UK Singles Charts, à US Billboard Hot Dance Club Play Chart e foi nomeado para um Grammy. Em 2017 surgem novas remisturas que vão desconstruir totalmente a versão original, oferecendo uma viagem que explora o experimental, o chillout e downtempo. O parisiense Kartell assina dois remixes, slow (video) e club remix, conseguindo manter a sensação relaxante original, com o primeiro mix, e transformando o tema num deep house anthem com o segundo. Em oposião temos as remisturas de Cézaire e Duñe e Katuchat que são quase como um excesso de experimentalismo electrónico que envolve e que se adapta e adequa a espaços/clubs alternativos. Assim, podemos respirar um pouco de vários mundo electrónicos através de um EP peculiar, ou a vida também não precisasse de ser remisturada de vez em quando, com sons desconexos, provenientes de experiências mais ou menos positivas e, acima de tudo, de vivências únicas. Em suma, é um pouco sobre isso que estas remisturas nos levam a pensar e,acima de tudo, sentir, pois se existem coisas boas algures no nosso passado, porque não dar-lhes um nova memória mantendo o sentimento original?
English/ Inglês Breathe from the French band Télépopmusik is probably the most suitable chillout song for afternoons in the pool, with lots of sun and heat, with mixed and colourful drinks and a sense of eternal holidays, besides the video by Jordan Scott (daughter of Ridley Scott) fosters this idea . We were in the year 2001 when the album Genetic World was released and in 2002 when a calm voice of Angela McCluskey broke the radios with this single, no need to explain why it reached to the UK Singles Charts, the US Billboard Hot Dance Club Play Chart and was nominated for a Grammy. In 2017 new remixes appear that will totally deconstruct the original version, offering a journey that explores the experimental, chillout and downtempo. Parisian Kartell signs two remixes, slow (video) and club remix, managing to maintain an original relaxing sensation with the first mix, and turning the track into a deep house anthem with the second one. Opposed to them we have remixes by Cézaire and Duñe and Katuchat that are almost like an excess of electronic experimentalism that surrounds us and are adapted to alternative places/clubs. Thus, we can breathe a little of several electronic worlds through a peculiar EP, as life needs to be remixed from time to time, with disconnected sounds, coming from more or less positive experiences, above all, from unique ones. In short, it is a bit this that these remixes lead us to think and, above all, feel, because if there are good things in our past, why not give them a new memory while maintaining the original feeling?
(Português) Devido à nova imagem do blog, todos os posts anteriores a 2017 podem surgir com formatação diferente. Um novo ano, uma nova vida, nova música, nova imagem!
(English) Due to the new image, all posts prior to 2017 may come up with a different format. A new year, a new life, new music and new image!